

Estava sentado em seu quarto esperando por sua “última viagem”. Há muito tempo tomará consciência disto. Vieram à tona lembranças de uma vida toda, de como fora um menino risonho, dos pais amorosos e dos valores transmitidos por estes; os quais constituíram seu bom caráter. Viveu muitas experiências boas, construiu um patrimônio, sua família e hoje, lá fora, estavam seus filhos e netos. Outras experiências foram dolorosas: perdeu amores, trabalhos e despediu-se de muita gente. Tantas ausências ainda eram sentidas. A vida com certeza trazia em suas infinitas possibilidades, mas com muitas vivências dolorosas. Isto é impossível negar. Em seu semblante toda sua trajetória, as marcas em seu rosto falavam por elas mesmas. Existiram sentimentos que pôde compartilhar…
Outros mais sombrios ele guardava para si. Sentiu-se cansado.
Deitou-se, fechou os olhos e percebeu uma presença. Ele pensou, “não estou sozinho”. Era uma presença sutil com perfume de jasmim. Nesse momento da partida era bom ter alguém querido ao seu lado. A pessoa sussurrou em seu ouvido; – Viver dói, morrer não.
Ele sentiu-se em paz.