Nos últimos anos a clínica contemporânea tem ocupado tanto o meu ofício, quanto minhas reflexões à respeito de uma das queixas recorrentes no consultório: a solidão. Evidentemente, por ser uma questão do cotidiano, busco aqui não colocar a mesma como patologia e sim, como conceito. Sendo assim, no dicionário a solidão é descrita como :
Condição, estado de quem está desacompanhado ou só. 2 Lugar ermo, retiro. 3 Apartamento, isolamento. 4 Caráter dos lugares ermos, solitários.
Na solidão e/ou isolamento social a pessoa sente necessidade de afastar-se de situações que lhe causam desconforto, prejudicando assim sua vida. É importante frisar que o isolamento e a solidão são consequências muitas vezes de uma condição psicológica adversa como por exemplo: Depressão, Transtorno de Ansiedade, Fobia Social. Em quadros mais graves pode levar à morte já que existem estudos os quais apontam os efeitos nos aspectos físicos como por exemplo: transtornos alimentares (anorexia ou obesidade), dependências químicas e doenças cardiovasculares.
Nós seres humanos somos seres do contato. Quando o sujeito se isola perde sua capacidade relacional e aspectos da capacidade cognitiva, uma vez que a aprendizagem está fundamentada naquilo que aprendo quando provocado pelo outro. Participar de atividades em grupo faz com que o sujeito veja e reveja :sentimentos, ações e consequências. Conviver mesmo que seja nas adversidades traz crescimento pessoal.
Como tirar alguém do isolamento? Em uma contemporânea metrópole como a nossa,uma pessoa pode passar o dia todo sem nenhuma conversa, tendo apenas interações rápidas do cotidiano. Mantendo-se assim, sem nenhum vínculo significativo. Uma saída possível seria desenvolver habilidades sociais, conhecer a si mesmo para compreender melhor o mundo.
” É necessário sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós.”
José Saramago