Desobedientes (Netflix): quando “tratar” vira silenciar
A minissérie Desobedientes, ambientada na Academia Tall Pines, apresenta jovens tidos como “problemáticos” submetidos a intervenções que prometem curar traumas e neutralizar emoções. O procedimento chamado “Salto” elimina angústias; contudo, ao fazê-lo, também suprime subjetividades e apaga singularidades.
Medicalização da adolescência: risco de rótulos rápidos
Em outras palavras, a ficção escancara um fenômeno real: a medicalização da adolescência. Muitas vezes, inquietude, rebeldia ou tristeza são convertidas, ainda que sem investigação suficiente, em diagnósticos apressados e prescrições cujo foco é ajustar o comportamento — porém, com o preço de abafar a voz do sujeito. Além disso, políticas escolares e pressões familiares podem reforçar atalhos farmacológicos em vez de abrir espaços de fala.
Psicanálise e escuta: do sintoma à linguagem
Assim sendo, a psicanálise propõe outro caminho: escutar o sintoma como linguagem, não apenas como disfunção. O que agressividade, ansiedade ou rebeldia querem dizer? Portanto, mais do que normalizar condutas, é preciso criar dispositivos de escuta para que o jovem fale, simbolize e elabore seus conflitos. Em síntese, a clínica deve deslocar-se do “corrigir” para o compreender.
Por que importa (para escolas, famílias e clínica)
Escolas: dessa forma, investir em protocolos de acolhimento e encaminhamento qualificado, em vez de punições automáticas.
Famílias: por conseguinte, diferenciar sofrimento psíquico de “mau comportamento” e buscar suporte clínico.
Clínica: sobretudo, priorizar avaliação longitudinal, entrevistas com responsáveis e articulação com a rede.
Conclusão
👉 Desobedientes nos lembra que a fronteira entre silenciar e escutar define não só a prática clínica, mas também o futuro de juventudes marcadas pelo estigma da “desobediência”. Em suma, menos rótulos, mais escuta e mais subjetividade.
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Assista na Netflix: Desobedientes | Site oficial da Netflix